quinta-feira, junho 02, 2005

Uma discreta homenagem

Em homenagem ao Vitória de Setubal pela sua justíssima conquista da Taça de Portugal, deixo-vos aqui um pequeno alexandrino de Bocage, um dos maiores e mais injustamente esquecidos poetas Portugueses, natural desta cidade e imortalizador do café Nicola, uma tasca onde escrevia a sua obra e que passou a ser uma marca de café:

O CÃO E A CADELA

Tinha de uma cadela um cão fome canina,
Ele bom perdigueiro, ela de casta fina:
Mil foscas lhe fazia o terno maganão,
Mas gastava o seu tempo, o seu carinho em
vão.
Dando no chichisbéu dentada e mais
dentada,
A fêmea parecia um cadela honrada
E incapaz de ceder às pretensões de amor.
Mas o amante infeliz foi sabedor
De que a mesma, em que via ações tão
desabridas,
Era co'um torpe cão fagueira às
escondidas.
Se és sagaz, meu leitor, talvez tenhas visto
Cadelas de dois pés, que também fazem isto.