Isto era para ser uma posta de pescada a outros posts, mas transformou-se num post por direito próprio
Caros omnivores Al Zheimer e Fluxz: com posts desses estavam mesmo a pedi-las.
Em primeiro lugar, pois foste o primeiro a postar, Al Zheimer, permite-me discordar da tua linha de pensamento. Não sou economista, longe disso até, como sabem (alguns) sou da área de Humanidades, mais exactamente tradutora (ainda que desempregada). Por isso, se disser alguma barbaridade economica e financeiramente falando, peço ao omnivore Cabacinhas que me corrija, uma vez que, como gestor, tem autoridade para isso.
Vais-me desculpar Al Zheimer mas não concordo com essa tua argumentação de que o tabaco não devia aumentar mas o gasóleo sim, pois polui mais do que o fumo dos cigarros. Passo a explicar: o imposto sobre os combustíveis vai aumentar cerca de 4 cêntimos por litro já a partir de dia 1 de Janeiro, o que constitui o maior aumento dos últimos 5 anos. Estes 4 cêntimos são o resultado do combinado entre a actualização anual extraordinária de 2,5 cêntimos por litro, prevista no Plano de Estabilidade e Crescimento para a redução do défice público e a actualização anual normal equiparada à taxa de inflação prevista para 2006, que é de 2,3%. Para além dos combustíveis, também as portagens das auto-estradas e pontes vão aumentar 2,8 % e os transportes públicos 2,3 %. E isto num ano em que a subida dos salários se fica por uns ridículos 1,5%. Quero eu dizer com isto que TODOS os bens de primeira necessidade, desde o pão que comemos, à água engarrafada que bebemos ou até mesmo à bejeca que alegremente consomes no Bora Bora, Al Zheimer, vão ficar mais caros devido ao aumento do gasóleo. TUDO aquilo que consumimos no nosso dia-a-dia está sujeito a custos de transporte e o preço final que pagamos no supermercado reflecte isso. Ora é lógico que se os combustíveis aumentam, também o que deles necessita (ou seja, tudo: água, luz, gás, etc), tem necessariamente que subir igualmente de preço.
Passando a outro ponto que referiste, achas que o gasóleo devia aumentar para que se passasse a utilizar mais os transportes públicos. Acredita que os transportes públicos são utilizados até quase rebentarem pelas costuras. Sei do que falo pois vivi em Lisboa durante 6 anos e, durante todo esse tempo, muito raras foram as ocasiões em que pude sentar-me tanto no metropolitano como nalgum autocarro da Carris. Na maior parte das vezes viajava em pé, entalada num mar de gente, sem espaço para sequer respirar. Daí que ache um piadão quando ouço e vejo na comunicação social os Srs. Ministros dizerem que os lisboetas (bem como o resto dos portugueses residentes nos grandes centros urbanos) deveriam utilizar mais os transportes públicos no seu dia-a-dia profissional, pois é evidente que estão a falar de uma realidade que desconhecem por completo! É certo que os Srs. Deputados da Assembleia da República têm o passe social de graça, apesar de, à excepção do Dr. Francisco Louçã, nenhum deles ter a mais pequena ideia de para que é que ele serve. (Agora multipliquem €25,50 por 230 deputados, vejam quanto dá ao fim do mês e quanto nos custa esse desconhecimento da parte dos Srs. Deputados.) É honestamente impossível continuar a incentivar-se a utilização dos transportes públicos enquanto não se criarem mais carreiras e melhores condições, nomeadamente de segurança. Grande parte dos assaltos em centros urbanos tem lugar precisamente nos transportes públicos.
Isto tudo para dizer que se o imposto sobre o tabaco subir 0,35 € em 2006 é uma ninharia, comparado com os outros aumentos que teremos de suportar e que nos vão pesar bem mais na carteira. O tabaco não é um bem de primeira necessidade e, como tal, a sua subida de preço não é comparável à do gasóleo.
Em segundo lugar, Fluxz, encarei o teu post sobre as mulheres como uma piada. Só pode! Prefiro pensar que não podes estar a falar a sério.
Ser doméstica não é profissão, nem nunca foi. Além disso o que estás a dizer é que se as mulheres ficarem em casa ao fogão, lá estará o marido a sustentar a casa. O que implica que as domésticas sejam todas casadas. Será o caso? E se não forem? E quanto às mulheres que, por não terem emprego, se vêem obrigadas a suportar maus-tratos e abusos da parte dos maridos /companheiros precisamente por não terem meios de subsistência próprios? Sabias que Portugal é um dos países europeus onde mais mulheres são agredidas e mortas pelo cônjuge?
Ontem foi publicada uma sondagem cujos dados referiam que do meio milhão de desempregados que existe em Portugal a grande maioria são mulheres. As mulheres continuam a ser preteridas em relação aos homens aquando da atribuição de um posto de trabalho e auferem também um salário inferior.
Pensem nisto e digam de vossa justiça se assim o entenderem.
4 Comments:
Os toxis são doentes e têm metadona e seringas à pala.
Os diabéticos só há pouco tempo é que têm as seringas à pála, mas têm!
Os fumadores são doentes, pois têm uma dependência. Dependência essa que contribui financeiramente para realizar obras públicas.
P.S. já agora 365 dias X 0.35€ = 127,75€, fora fins de semana e festas em que o fumador fuma mais.
Não me parece que sejam ninharias!!
Só acho que é um contracenso os aumentos do preço do tabaco!!!
Ah mulher grande, que argumenta a valer! Gostei!
Por acaso não sabia que os combustiveis íam aumentar e falei no gasoleo a titulo de exemplo. Mas não mudo uma virgula ao que disse.
Tenho imensa pena dos patroes das autoestradas, dos transportes, bejecas e etc que têm uma desculpa para aumentar os preços e ganhar mais uns cobres. Não tenho pena é do zé povinho que esta sempre a arregaçar as calças.
Também é muito bem visto os problemas dos transportes publicos, mas ate digo mais. Deviam fazer uma maneira de limitar os automoveis em grandes cidades ou mesmo proibir em certos dias.
Os transportes são maus ou insuficientes!! Quando as pessoas começassem a faltar ao trabalho e as empresas a ter prejuizo a coisa mudava.
È claro que isto é tudo muito utopico. Mas se não fossemos uam sociedade tão individualista muita coisa mudava.
Por ultimo só gostava de frisar uma coisa: os combustiveis vao aumentar 4 cêntimos, o tabaco vai aumentar 35 centimos. E pessoalmente penso no que me faz mais diferença na algibeira no imediato.
Mas é a minha maneira de ver as coisas e nada mais que isso.
Apesar das posições discordantes relativamente à natureza dos impostos a aumentar, e estou ao lado da Battle Axe quanto aos efeitos macroeconómicos inerentes à subida do preço do petróleo, que são exponencialmente nefastos na nossa economia devido à nossa dependência a nível energético, julgo que, mais do que uma questão económica – que é de facto na sequência da parametrização fiscal – é a vertente financeira que aqui está em causa. Onde deve o Estado arrecadar mais receita? Estar-se a falar do aumento do imposto sobre o tabaco (aumento médio de 15% em progressão até 2009), ou do aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos (que acresce 0,025/ano ao nível estimado da inflação pelo Governo), estamos a falar de impostos que têm uma incidência genérica directa e indirecta sobre a população e que, no caso dos combustíveis, asfixiam a pequena/média empresa, o que poderá acarretar mais desemprego, o galgar da inflação prevista (2,3% pelo Governo- deixem-me rir!- e 3% pelo Banco de Portugal ), retracção do consumo, diminuição do PIB pela via do consumo, etc.. Será que o Estado deverá subir os referidos impostos? Será que existe equidade tributária? Quando a pequena e média empresa paga aproximadamente 25% de IRC e sector bancário, que sucessivamente ano após ano, atinge recordes de rendibilidade, paga aproximadamente 13%; quando se estima que apenas 4% de dinheiros ilícitos são recuperados pelo Estado no combate à fraude e evasão fiscal, e que pouco ou nada se faz no desenvolvimento de meios técnicos e humanos para esse combate que bastante jeito daria aos cofres do Estado; quando as grandes Holding nacionais pagam uma quantia irrisória de impostos face à sua dimensão… Está isto correcto? Temo bem que não! Podemos discutir a justiça da subida do imposto sobre o tabaco ou sobre os produtos petrolíferos, mas o que me parece importante referir é que o Estado deveria dar sinais claros de que deveriam ser outras as suas prioridades ao nível da receita fiscal (apontei aqui algumas carências) e de que deveria de uma vez por todas clarificar a política orçamental seguida que não é nem pró-cíclica (disciplina orçamental no longo prazo, pouca flexibilidade no curto prazo) nem contra-cíclica (flexibilidade orçamental no curto prazo, pouca disciplina no longo prazo), ou seja, não é coisa nenhuma, faz-se ao sabor da maré e com a natural tendência para o pobrezito cá do sítio fazer mais um sacrifício em nome da tão proclamada contenção orçamental a que o PEC nos obriga, ou melhor, que nós aceitámos! Eu já tou farto desta merda, vá lá que vou para a Zanaré e, por um dia, esqueço-me do país onde estou… “Á mige arranja aí uma fesquiiiinha!”
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