Direito de resposta
Há algum anónimo a ficar indignado/a com um comentário pouco simpático referente à banda Dapunksportif que deixei no post intitulado Quem vai lá 6ª Feira?, comentário esse que foi mal interpretado como ataque pessoal. Sinto-me no direito de responder às acusações a que fui alvo. Assim sendo:
Sobre Peniche: Eu gosto de Peniche. Foi lá que nasci, foi lá que passei a minha infância e adolescência, tenho imensos amigos e família por lá que me fazem imensa falta, e, se tudo correr bem, é lá que penso acabar os meus dias. Porém, Peniche é uma cidade que possui imensos problemas, nomeadamente em termos de desorganização do tecido urbano, falta de planeamento a longo prazo urbanisticamente e, sobretudo, graves lacunas a nível humano. As pessoas de Peniche estão constantemente envoltas numa atmosfera depressiva típica de quem está preso num beco sem saída. Não há empregos decentes, não há eventos culturais e sociais que ajudem os jovens a definirem-se tanto artística como humanamente e quando os há, são mal-organizados e pior divulgados. As casas nocturnas decentes fecham. A divulgação de peças de teatro é feita por e-mail. A fortaleza do Baluarte, o maior trunfo turístico de Peniche (exceptuando as praias), é apenas mais um museu genérico na sua maioria, e espelho do subaproveitamento do potencial da cidade. A frase “Não se passa nada nesta terra” ecoa em todos os cantos de Peniche. No entanto, o Penicheiro típico defende o seu buraco como se fosse a 8ª maravilha do mundo, chegando a partir para o insulto quando a razão se perde. Outro aspecto negativo de Peniche é a rudeza e falta de educação e civismo de parte dos seus habitantes, nomeadamente uma tendência crescente para a delinquência juvenil, com assaltos e danificações de ruas e imóveis que só mancham o nome da terra. Tudo isto para dizer que sim senhor, gosto de Peniche, mas, neste momento, só mesmo à distância. Em Peniche não se respira.
Sobre o apoio ao que é de Peniche: Eu não gosto dos Némanus. Tenho a certeza de que são óptimas pessoas e têm o direito a ter o seu público, mas, a mim, musicalmente não me dizem nada. Deverei apoiá-los só por serem da mesma cidade que eu? Talvez. Peniche é um meio pequeno, e toda a ajuda para divulgar aqueles que façam algo de positivo para si mesmos ao mesmo tempo em que divulgam o nome da terra (porque na verdade a única coisa que se divulga sobre Peniche nestes casos é apenas o nome) é bem-vinda. Não compro os discos deles nem vou aos seus concertos. Quando vejo o nome Némanus escrito algures, faço aquilo que me compete, dizendo que eles são de Peniche. O que vai dar ao mesmo. Ninguém me vai dar palmadinhas nas costas por ser da mesma cidade dos Némanus. E quem diz Némanus diz tudo o resto que saia dali para fora. É a mesma coisa que ver uma fotografia do Alberto do Mónaco e dizer a alguém “Olha, o soberano monegasco tem o mesmo nome que o meu irmão”. Ninguém quer saber disso. Ninguém vai dizer “Uau! És de Peniche! A mesma cidade dos Némanus! Que maravilha!”.
Sobre a importância: Um médico é importante porque tem o poder e os meios de salvar vidas. Um bombeiro é importante porque tem o poder e os meios de salvar florestas. Um professor é importante porque tem o poder e os meios de salvar mentes. Uma banda musical tem uma importância relativa porque tem o poder de garantir a quem gosta do seu som agradáveis momentos. O mesmo se passa com um pintor, escritor, escultor e demais profissões ligadas às artes. Eu, pelos vistos, tenho o poder de irritar as pessoas, e isso não é ser-se importante. Peço desculpa, não passa pelos meus objectivos pessoais ser irritante nem importante.
Sobre os Dapunksportif: Andava há meses curioso por ouvir os Dapunksportif. Primeiro, porque nesta banda toca um grande amigo meu, que, presumo, está-se completamente a cagar para esta polémica da treta, caso contrário já me teria telefonado a perguntar o que é que eu quereria dizer com aquilo que escrevi no post supra-citado. Depois, foi o hype criado à sua volta. Em Leiria, um reputadíssimo radialista e promotor de eventos falava-me maravilhas duma banda Stoner-Rock chamada Dapunksportif. Em Setúbal, um amigo meu designer de profissão tecia rasgados elogios ao artwork da maquete dos Dapunksportif. No Porto, outro amigo falava-me que o concerto dos Dapunksportif que havia visto algures tinha sido “do caraças”! Admito que estava louco por ouvi-los, não por serem de Peniche, mas por serem bons! Confio plenamente no bom gosto daqueles que mos haviam recomendado. Um dia, em Maio deste ano se a memória não me falha, recebo uma sms relativa a um concerto dos Dapunksportif em Peniche, naquilo que dificilmente se enquadra na categoria de “Semana Académica”. Telefono imediatamente ao meu amigo na banda, completamente fora de mim. Resido no Sotavento Algarvio, e tencionava ir a Peniche no dia a seguir ao concerto! Alterei as minhas folgas para poder vê-los e planeámos encontrarmo-nos, nem que fosse no recinto de espectáculos. Chegado lá, após 3 horas de autocarro e uma boleia caída do céu em Lisboa, apanhei uma grande desilusão. A “Semana Académica” era realizada nas traseiras do quartel dos Bombeiros Voluntários, a cerveja não era a preço de estudante, o que até se compreendia porque estudantes propriamente ditos estavam em extinção por aquelas paragens. Começa o concerto. Rock à la Kyuss, bem rasgado e ritmado. O som estava péssimo, problema que estou certo não ser da banda. Tanto o baixo como a bateria estavam muito bons. As guitarras estavam estridentes e magoavam os ouvidos ao público (não me fodam a dizer que o Rock é assim, tenho visto alguns concertos de Punk aqui em baixo e nunca saio de lá com os ouvidos a zunir). Pelos comentários entre as músicas, entendi pessoalmente que parte da banda tinha uma atitude que interpretei como “somos os maiores e estamo-nos a cagar para vocês”. Não fui o único a reter essa sensação. A gota de água surgiu quando ouvi a frase “Vocês devem tar a pensar comé cagente vai tocar ó Super Rock!”. Não é assim que se faz. As coisas não dizem assim. Ainda por cima, em Peniche. Soou-me a Rockstardom injustificado, o que justifica o meu comentário que irritou a tal pessoa anónima. Fui-me embora muito desiludido. Entretanto, os Dapunksportif foram realmente ao Super Bock. Quem os viu e ouviu diz-me que o concerto “foi do caraças”, complementando com “nada a ver com aquele em Peniche”. É possível que os tenha apanhado em dia mau. Mas quando se fazem 400 km para se ver uma banda, não se espera receber um tratamento daqueles. Talvez tivesse as minhas expectativas demasiado altas. Concerteza, vão-me dizer que o problema é meu.
Sobre os comentários relacionados com a minha vida privada: Foram de baixo nível e mesquinhos, escritos somente para me tentar magoar, e é tudo o que tenho a dizer em relação a isso.
Estou ciente que num só post poderei ter ofendido o orgulho Penichense, os Némanus, os Dapunksportif, o meu irmão e o Alberto do Mónaco. Não é intenção minha. Não ando propriamente na rua a ser indelicado nem a ofender as pessoas, e quem realmente me conhece sabe disso. Espero que o mal-entendido esteja resolvido.
1 Comments:
Então, então?
Tou a ver que isto tem andado animado por aqui...hehe
...isto ainda vai dar puxão de cabelo...hehe
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