domingo, outubro 09, 2005

O terramoto e o furacão


Eu sei que hoje devia, provavelmente, escrever um post qualquer a falar das eleições autárquicas. Sim, estamos todos em pulgas para saber quem vai ganhar e não sei quê, mas, como a política não me entusiasma por aí além, resolvi falar sobre outro assunto.
A foto diz tudo. Houve ontem um terramoto na Ásia (mais especificamente no Paquistão, Índia, na região de Kashmir e no Afeganistão) que matou cerca de 30.000 pessoas. O sismo teve 7,6 graus na escala de Richter e deixou um rasto de devastação vísivel por esta (e outras) foto(s).
O que me indigna é que nenhum dos nossos boletins informativos (Jornais da Tarde ou Telejornais) fez disto a sua notícia de abertura. 30.000 mortos, países inteiros devastados e abre-se o noticiário com o jogo que Portugal iria disputar com o Liechstenstein daí a 8 horas , com a birra do Beto e do Custódio no centro de estágio, com as peixeiradas das autárquicas e só lá mais para o final do dito é que se refere, numa reportagem de 2 ou 3 minutos (se tanto) que tinha havido assim a modos que um sismo na Ásia e que morreram umas quantas pessoas e tal... E hoje tornou a acontecer o mesmo. Mais uma vez uma reportagem a despachar sobre um assunto que, se não tivesse ocorrido na Ásia, continente de países maioritariamente pobres ou muito pobres, teria tido honras de abertura de tudo quanto fosse bloco informativo e seria considerado uma catástrofe universal. Parece que ainda existem países de 2.ª e de 1.ª categoria. Ridículo, no mínimo! Fiquei indignada e até envergonhada! Se bem se lembram, aquando do Furacão Katrina que assolou países da América Central e os EUA andámos a levar 15 dias ou mais com blocos informativos intermináveis sobre o impacto do furacão em Nova Orleães e da quantidade enorme de pessoas que teriam morrido, dos cadáveres que ainda estavam submersos ou soterrados nos escombros e que poluíam as águas. Atenção, não estou aqui a querer dizer que não se tratou de uma catástrofe. É óbvio que o foi. Também não assino por baixo (longe disso!) as declarações da Sra. Barbara Bush, mamã de George W. Bush, que afirmou que os habitantes de Nova Orleães pouco tinham perdido na catástrofe pois não tinham nada. Acho que a senhora perdeu uma excelente ocasião de ficar calada.
A ajuda governamental do executivo de Bush foi lenta, insuficiente e muito justamente criticada. Pouco tardou para que países de todo o mundo (incluindo Portugal) cedessem parte das suas reservas de petróleo aos EUA.
A única coisa que contesto é o tratamento diferenciado que é dado aos desastres naturais segundo os países onde ocorrem. Nos EUA morreram cerca de 1000 pessoas devido ao Katrina, no sismo asiático de ontem já vamos em 30.000 (balanço provisório).
Agora façam as contas e vejam para que lado pende a balança.

1 Comments:

At 12:25 da manhã, Blogger Al Zheimer said...

Convém também referir que os Estados Unidos e a NATO recusaram em fornecer apoio aereo para socorrerem as vitimas. Onde isto vai parar...

 

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