Do pó viemos, ao pó voltamos
Não, não. Não é um post para falar sobre o narcotráfico.
Domingo à noite, estava eu mais que descansado a ver um episódio do Prison Breack quando alguém bate à porta da missão. Espreito pela janela do primeiro andar para ver quem é. A cara não me é completamente desconhecida, mas sinceramente não me lembro do nome da senhora. Ela parece conhecer-me bem, pois assim que me vê, sorri e chama-me pelo nome.
Desço e abro a porta. A senhora tens nas mãos um saco plástico e parece-me que lá dentro tem uma caixa de madeira ou algo parecido.
Com um pouco de sono vou ouvindo o que a senhora tem para me contar.
Pede muita desculpa por incomodar a esta hora... mas é que tem um pequeno problema... porque a mãe dela faleceu à poucos dias... e foi cremada...
(a esta altura, a minha mente começa a ter uma vaga ideias sobre o que poderá estar dentro da caixa)
...e agora ela tem que levar as cinzas da sua mãe para a sua terra natal... mas só pode ir amanhã... e ela não tem um sítio digno para guardar as cinzas... porque está a morar num quarto alugado... e se eu lhe faço o favor de guardar as cinzas na missão por esta noite... que ela amanhã (sem falta!) às 7:30 passa a buscá-las.
Pedido insólito, sem dúvida. Mas também não vi nenhum motivo sério para dizer que não.
Ela passou-me a pequena urna e eu coloquei-a na capela junto ao tabernáculo.
«Boa noite» disse eu. «Boa noite» disse ela. «Vemo-nos amanhã às 7:30».
Fui-me deitar.
No dia seguinte, já são quase 8:00 e a senhora ainda não passou para retirar as cinzas. Tenho de sair. Volto para casa por volta das 12:00 e pergunto se passou alguém por causa das cinzas. Ninguém passou, ninguém telefonou. Passa-se o dia inteiro e eu começo a ficar um pouco preocupado.
Não sei o nome da senhora.
Não tenho um número de telefone.
Nem sequer sei onde mora.
Ó diacho... queres ver que ela me quer cá deixar as cinzas da mãe para sempre?
No dia seguinte volto a sair pela manhã para ir dar aulas e quando volto a casa diz-me a secretária que a senhora “das cinzas” já passou e se levou consigo a urna.
Disse-me também que ela pedia desculpa por não ter passado no dia antes.
Disse que se tinha esquecido...
Domingo à noite, estava eu mais que descansado a ver um episódio do Prison Breack quando alguém bate à porta da missão. Espreito pela janela do primeiro andar para ver quem é. A cara não me é completamente desconhecida, mas sinceramente não me lembro do nome da senhora. Ela parece conhecer-me bem, pois assim que me vê, sorri e chama-me pelo nome.
Desço e abro a porta. A senhora tens nas mãos um saco plástico e parece-me que lá dentro tem uma caixa de madeira ou algo parecido.
Com um pouco de sono vou ouvindo o que a senhora tem para me contar.
Pede muita desculpa por incomodar a esta hora... mas é que tem um pequeno problema... porque a mãe dela faleceu à poucos dias... e foi cremada...
(a esta altura, a minha mente começa a ter uma vaga ideias sobre o que poderá estar dentro da caixa)
...e agora ela tem que levar as cinzas da sua mãe para a sua terra natal... mas só pode ir amanhã... e ela não tem um sítio digno para guardar as cinzas... porque está a morar num quarto alugado... e se eu lhe faço o favor de guardar as cinzas na missão por esta noite... que ela amanhã (sem falta!) às 7:30 passa a buscá-las.
Pedido insólito, sem dúvida. Mas também não vi nenhum motivo sério para dizer que não.
Ela passou-me a pequena urna e eu coloquei-a na capela junto ao tabernáculo.
«Boa noite» disse eu. «Boa noite» disse ela. «Vemo-nos amanhã às 7:30».
Fui-me deitar.
No dia seguinte, já são quase 8:00 e a senhora ainda não passou para retirar as cinzas. Tenho de sair. Volto para casa por volta das 12:00 e pergunto se passou alguém por causa das cinzas. Ninguém passou, ninguém telefonou. Passa-se o dia inteiro e eu começo a ficar um pouco preocupado.
Não sei o nome da senhora.
Não tenho um número de telefone.
Nem sequer sei onde mora.
Ó diacho... queres ver que ela me quer cá deixar as cinzas da mãe para sempre?
No dia seguinte volto a sair pela manhã para ir dar aulas e quando volto a casa diz-me a secretária que a senhora “das cinzas” já passou e se levou consigo a urna.
Disse-me também que ela pedia desculpa por não ter passado no dia antes.
Disse que se tinha esquecido...