quarta-feira, julho 25, 2007

Medo - Governo de esquerda? Serei canhoto?

Escrevo porque tento não pensar sobre o tempo que hoje perdi ao ouvir as sábias palavras do nosso primeiro...

O clima instalado hoje no nosso país é de medo - qual Al-Qaeda -, e porquê medo? Grave, grave é termos medo de nós próprios numa terra tão pequena quanto esta e esse só facto ser representativo da nossa pequenez. O medo interno, o medo de existir como somos e como nos queremos afirmar, o medo de nos expressarmos, o medo de emitirmos uma opinião mais arrojada, o medo de dizermos o que realmente sentimos.

Vivemos sob amarras que nos limitam não só a nós próprios como por inerência o desenvolvimento sustentado de um país. Empreendedorismo, Competitividade, Responsabilidade social, Inovação. Palavras de vanguarda, palavras da moda direis vós... Tretas, balelas e mais balelas digo-vos eu! Enquanto houver medo de represálias ou por mero delito de opinião ou por diferenças de ser e de estar, as limitações são mais do que muitas e continuaremos a viver na mediocridade. Soltemos amarras e deixemos fluir ao vento o que melhor há de todos nós. Enquanto as amarras persistirem e a bufaria por aí pairar, continuaremos no mesmo: "Epá é melhor deixar andar, senão..." "Não adianta nada e ainda me sujeito a....", "É melhor tar no meu canto.." - e assim caminha Portugal.

Nem vale a pena aludir aos diversos casos que vieram a lume nestes últimos meses para observarmos que cada vez mais esse medo existe e a ampliação do mesmo afigura-se como objectivo mor do actual governo para, a seu bel prazer, fazer o que bem (não) pode e entende.

Escusando-me falar dos restantes casos, com especial enfoque nos que respeitam à Sra Directora da DREN, um há que me merece especial atenção - o novo estatuto dos jornalistas. Além de ser considerado por muitos um autêntico atropelo aos valores consagrados pelo 25 de Abril, o novo estatuto representa claramente a emergência de um Estado regulador em matéria vital onde a auto-regulação deveria continuar a prevalecer sob pena de, infelizmente, num futuro breve, a censura figurar de novo entre nós.

Tempo apenas para uma reflexão sobre o nosso primeiro (ou será dos últimos?). Nos mais diversos domínios Portugal não está bem mas o Sr José Sócrates, ou porque os índices de confiança são importantes para o desenvolvimento económico futuro ou por mero aproveitamento político-partidário, insiste em vender-nos a "banha da cobra" e em mentir-nos todos os dias através da sua hábil forma de falar. Apetece dizer: "Ó Zé mas estás a falar de Portugal ou da Alemanha?". E como a crítica não se faz apenas de aspectos negativos, tenho de parabenizar o nosso primeiro pela sua capacidade ao nível da propaganda e do marketing político-partidário. A propósito qual é a sua formação? Engenheiro? OOOOOps... é melhor parar por aqui, ainda sou demitido!

2 artigos interessantes em:

http://www.ces.uc.pt/opiniao/ee/025.php

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1300444

sábado, julho 07, 2007










Super Bock Super Rock 2007




A parte Super Rock, Act I




Mais um festival, mais um post.
Apesar do cartaz mais fraco este ano (em relação ao ano passado, entenda-se. Tarefa impossível a de superar um festival com Tool no alinhamento.), o Super Bock Super Rock não deixou, ainda assim, de ser o festival com o cartaz mais atractivo de 2007. Tal como no ano passado, dividiu-se em 2 actos: o Act I, dia 28/06 com os Metallica como cabeças de cartaz e o Act II com Arcade Fire (dia 03/07), LCD Soundsystem (dia 04/07) e Underworld (dia 05/07).
O primeiro dia foi excelente, com Stone Sour e, obviamente, os Metallica em grande forma. Houve alguns erros de casting, como já vem sendo habitual nestas coisas. A Música do Coração tropeça todos os anos e resolve sempre fazer umas escolhas um tanto ou quanto questionáveis, mas enfim, quanto a isso nada a fazer. É a tradição.
O primeiro erro de casting do dia 28/06 chama-se Blood Brothers. Classificar a música desta miudagem não é tarefa fácil, mas «má» é capaz de resolver o assunto. «Muito má» também não destoa. Digamos que não deixaram boa memória e foram apupados do início ao fim do concerto, o que também era desnecessário. Não se gosta, não se ouve. Vai-se às barraquinhas beber umas Super Bocks ou comprar merchandising, agora pôr dedos do meio em riste e apupar bandas é infantil, bronco e não havia necessidade. Em seguida, entraram em palco os Mastodon, pela terceira vez em Portugal e pela segunda no Super Bock, sendo que a primeira foi há 3 anos atrás. Já os tinha visto na primeira parte do concerto dos Tool, em Novembro passado e não fiquei impressionada por aí além, pela positiva, entenda-se. Agora tenho de confessar que entrou melhor. Ouve-se. Não é nada do outro mundo, mas o.k., a seguir a Blood Brothers qualquer coisa soava bem.
Seguiram-se os Stone Sour, ou seja, a música a sério. Foi um bom concerto, apesar das críticas mornas que tenho lido por aí. O Sr. Corey Taylor sem a máscara que ostenta nos Slipknot está muito bem e recomenda-se: cortou o cabelo comprido loiro, emagreceu e está feito um Ken. Eu gostei e as meninas que comigo estavam também. Esperemos que seja para continuar. Levava vestida uma t-shirt dos Guns N' Roses, que tirou nas últimas músicas do concerto e fez muito bem. Lá tocaram o slowzinho da ordem, "Through Glass", a apelar ao acender de isqueiro e a agarrar a febra(= as babes, portanto) mas também músicas mais a abrir como "Hell and Consequence" e "Made of Scars" do último álbum, "Come What(ever) May".
A anteceder os Metallica, uma estopada chamada Joe Satriani. É verdade que o guitarrista foi convidado pelos Metallica para actuar no Super Bock por ter sido professor de guitarra de Kirk Hammet, mas nós, público português, não temos obrigação de o aturar, c'um catano! Foi uma boa hora para ir jantar, já que as filas estavam para lá de enormes em todas as barraquinhas de comes e bebes.
E, por fim, a banda da noite, a que levou 50.000 pessoas a penar durante horas em filas para os ouvir: METALLICA!
O concerto durou quase 3 horas, mas podia ter durado 10 que ninguém arredava pé. Foi deles a responsabilidade de o SBSR ter este ano o palco mais gigantesco alguma vez montado no Parque Tejo, tanto assim foi que nem sequer havia espaço para o já habitual palco secundário.
O início deu-se com imagens do filme "O Bom, o Mau e o Vilão", seguido de "Creeping Death". Não faltaram os clássicos, "One", "Nothing Else Matters", "The Unforgiven" e "Enter Sandman", seguido de uma chuva de fogo de artifício, que também foi lançado noutras canções. Mas o que mais me marcou foi a cara de espanto e pura emoção de James Hetfield ao terminar "The Memory Remains", em que o público fez as vezes de Marianne Faithful e entoou os coros da canção bem para além do tempo normal. Hetfield parou de cantar e a banda de tocar e ficaram a olhar para nós com cara de quem não esperava tamanho êxtase e dedicação. "Lisbon, Metallica loves you", "We will be back very fucking soon" e os constantes gritos de "Hurrah!" dizem tudo. A emoção de toda a banda era genuína e não menos genuína foi a recepção que tiveram. Raros devem ser os momentos em que 50.000 pessoas concordam numa coisa: foi fenomenal! As partidas em falso foram várias o os encores também. No final, ainda tempo para umas palavritas em português para além do habitual "ôbrigádou", ditas por Robert Trujillo :« Tá-se bem? Tá-se bem?» que nos puseram todos a rir. E que bem soube ouvi-los dizer na TV que tinham estado em Peniche a fazer surf e que tinham achado isto muito bonito.
Hurrah! Voltem sempre, meus senhores!

A parte Super Pop, Act II

O Act II trouxe nomes importantes ao Parque Tejo, ainda que não se possa gabar da mesma assistência.
O dia 3 de Julho iniciou-se com duas bandas portuguesas, Bunnyranch (que não vi porque estava à espera para entrar) e os inevitáveis The Gift. Não gosto dos The Gift, nunca gostei e ainda assim eles estão sempre no meu caminho e eu faço sempre questão de não os ver. Foi assim na Queima das Fitas deste ano em Coimbra, em que apesar de estar no recinto preferi ir para as tendas para não ter de os aturar e foi obviamente assim também no SBSR. Para quem gosta é capaz de ter sido um bom concerto, não sei. A única coisa de jeito que ouvi Sónia Tavares dizer durante a hora de actuação da banda foi umas passagens da letra de "Enjoy the Silence", dos Depeche Mode. Mais um erro de casting estes nossos amigos daqui do Oeste. Ganhem os prémios que ganharem e vendam os discos que venderem eu não tenho pachorra. Desculpem lá.
A banda que se lhes seguiu, Klaxons, não é má de todo. Têm genica e tal, estão a dar cartas por esses tops fora e puseram toda a gente a abanar a cabeça e a pular. Razoáveis, sim senhor, mas nada de por aí além.
Em seguida subiu ao palco a versão moderna dos The Mamas and the Papas, que é, como quem diz, os Magic Numbers. Já sei que vou levar (e muito) nas orelhas do nosso companheiro bloguista Carca, que me pediu para eu não dizer mal destes meninos porque adora o som deles, mas eh pá, desculpa lá, Carlitos, já sabes como é que eu sou! O que tenho a dizer, digo! Vou tentar não ser muito mazinha, pronto. Magic Numbers é uma banda de pessoas obesas, irmãos e casados entre si. Tocam música levezinha, tão leve como o algodão e tão chata que me deu de repente a fome e a sede e tive de me ir embora a meio porque já não aguentava mais. Havia que poupar energias para Arcade Fire, claro está.
Bloc Party foram os senhores que se seguiram e aqueceram os ânimos. Foi uma actuação irrepreensível, super enérgica e algo mocada, diria eu, de Kele Okereke. O homem não parou, atirou-se para o público durante "She's hearing voices", quase partiu o cabo do microfone de tanto esticão que lhe deu para se aproximar dos fãs e fartou-se de agradecer o carinho do público que estava ali para os ver, tendo em conta que ainda há mês e meio tinham tocado no Coliseu dos Recreios, igualmente em Lisboa. Perguntou quem de entre todas aquelas pessoas os tinha ido ver ao Coliseu e ainda houve vários braços no ar em resposta. Mas, como também admitiu, o melhor ainda estava para vir, os Arcade Fire, que são a banda preferida dos Bloc Party. Houve tempo para todos os êxitos da banda, "Banquet" (lógico, ainda que o patrocinador do festival fosse a Optimus e não a Vodafone), "Two More Years", "Like Eating Glass", "Hunting for Witches", "The Prayer", "Pioneers", "This Modern Love" e "Helicopter".
E agora, tchan tchan tchan tchan! ARCADE FIRE! Justamente colocados como cabeças de cartaz da noite, deram «O» espectáculo de todo o Act II. Tamanha comunhão e empatia com o público só existiu em Metallica. São bandas completamente diferentes, géneros perfeitamente díspares, mas o nível de devoção e prazer de tocar só foi equivalente na noite em que os Metallica pisaram o palco do Super Bock.
Com apenas um EP e dois álbuns debaixo do braço, os Arcade Fire podem dar-se ao luxo de terem sido considerados por praticamente todas as revistas musicais em 2005 a melhor banda do ano, sendo que "Funeral" foi eleito o álbum do ano. Arrasaram toda a gente nesse ano em Paredes de Coura quando ninguém os conhecia ou tinha sequer ouvido falar neles e agora arrasaram connosco no Parque Tejo.
Dez músicos em palco, uma intensidade sonora fora do comum e um cenário belíssimo, com uma cortina vermelha e um órgão de tubos, a fazer lembrar uma igreja, local onde gravaram este último "Neon Bible". O concerto é antecedido por um vídeo de uma criança brasileira discursando para uma multidão, em plena possessão demoníaca. Bizarro, no mínimo. Seguiu-se a interpretação de "Black Mirror", tema que inicia o último ábum e a primeira ovação da noite. Muitas se seguiriam, já que todos os temas foram recebidos em delírio pelo público, que não se cansava de bater palmas e entoar os coros de todos os temas, mesmo muito para além destes terem terminado o que fez com que, a dado momento, Win Butler nos dissesse, em jeito de piada, que os Arcade Fire quase nem precisavam de estar ali, bastávamos nós em cima do palco que era a mesma coisa. Estavam todos pasmados com a recepção que lhes demos e não era para menos: o carinho com que foram recebidos, até para uma banda que anda na estrada por tantos países, raras vezes será semelhante, aposto.
Régine Chassagne, a co-vocalista e mulher de Win Butler, fez a festa, atirou os foguetes e apanhou as canas. Ela canta, ela toca acordeão, órgão, pandeireta e até bateria em alguns temas! Trocou de instrumentos várias vezes e não se cansou de correr pelo palco, qual menina endiabrada. Depois de "Black Mirror" ouviu-se "No Cars Go" (primeiro single de "Neon Bible"), "Haiti", "(Antichrist Television Blues)", "Intervention", "Headlights Look Like Diamonds" (do EP), "The Well & The Lighthouse", "Ocean of Noise", "Tunnels" (verdadeiramente arrepiante o momento em que tocaram esta canção), "Rebellion (Lies)", "Power Out" (músicas estas que foram tocadas em catadupa e levaram ao rubro toda a gente), "Keep The Car Running" e, para terminar, "Wake Up".
13 músicas, 13 momentos de excepção. Divinal, digo eu. E quem comigo estava disse o mesmo.
Aguarda-se um regresso em breve. Esta hora e vinte minutos de concerto soube a muito pouco.
Na quarta-feira dia 4 não fui ao SBSR. Quatro noites a dormir 1:30/2 horas é muito violento, sobretudo para quem, como eu, não tem férias e tem de se levantar todos os dias às 5 da manhã para ir trabalhar. Havia que escolher uma das noites para não ir e ficar a dormir e eu escolhi esta. Parece que fiz bem porque foi a noite mais fraca: só 10.000 pessoas no recinto. Muito pouco, de facto.
No dia 5, entrei no recinto do festival ao som dos The Gossip. Impressionante como Beth Ditto, senhora com mais de 100 kgde peso, se mexe em palco. Descalça e com um vestido azul curto e bem justo não parou de dançar e puxar pelo público, até se atirando para fora do palco no final do concerto. Ainda assim não fez o strip-tease do costume, para desilusão de alguns. Tem um grande vozeirão, a condizer com a corpulência. Não é um tipo de música que aprecie, mas gostei da atitude da senhora. You go, girl!
TV on the Radio só vi metade, não me impressionou grande coisa. A fome apertava e ainda havia Interpol para ver.
Nunca pensei assistir a um concerto dos Scissor Sisters em dias da minha vida, mas foi isso que aconteceu na quinta-feira. Quem diria?
Não gosto da música, do estilo, fujo quando põem canções deles nos bares, mas a verdade é que a noite foi deles. Tenho de reconhecer que, apesar da bichice descaradona e de várias pessoas do público que me rodeavam estarem a gozar com os Irmãos Tesoura (eu inclusivé), passados poucos minutos já ninguém conseguia parar de bater o pézinho e de sacudir o corpo. É verdade!
São de uma simpatia enorme, comunicam muito com o público, espalham uma energia electrizante e, no fim, ainda temos direito a ver o rabo (gay) de Jake Shears, esse grande maluco que fez questão de dizer que os Scissor Sisters adoram drogas (quase todas, como corroborou Anna Matronic), adoram Portugal, os lisboetas (ou "lesbonians", como resolveram chamar-lhes) e acham muita graça à ideia de um país cujo símbolo nacional é um "giant cock". Têm piada, sim senhor. Ouvir "Confortably Numb", dos Pink Floyd, versão bicha e electrónica é algo que não esperava nunca na vida. Anna Matronic só sabia dizer duas coisas em português: «Obrigado» e «Mostra-me as mamas». É um bom começo! Nota muito positiva para o concerto e nem acredito que estou a escrever isto.
E para terminar, Interpol. Não eram cabeças de cartaz, esses eram os Underworld, mas para mim e para a maior parte das pessoas foram, já que a debandada a seguir ao concerto dos nova-iorquinos foi praticamente geral.
Foi um bom concerto, apesar da moca descomunal que o vocalista/guitarrista tinha em cima. Não é de grandes falas nem simpatias, está ali para despachar as músicas e pronto. Não importa, o público gostou e a banda também gostou de nós, como fizeram questão de dizer. Não faltaram os obrigatórios "Evil", "C'Mere", "Slow Hands", "Not Even Jail" e a novíssima "Heinrich Manoeuver". Despediram-se com um "See you in November", já que dia 7 do dito mês vão tocar ao Coliseu dos Recreios.
E assim foi o Super Bock Super Rock 2007. Para o ano lá estaremos, para não variar!