E este post também já vem com quase dois meses de atraso, tal como o anterior sobre os Tool, mas sou uma gaja com demasiadas coisas para fazer e muito pouco tempo... Uma chatice!
Mais uma passagem dos britânicos Massive Attack por Lisboa, numa das melhores salas de espectáculos da capital, o Coliseu dos Recreios. É verdade que já cá tinham estado no Verão do ano passado, mas, ainda assim, foi um Coliseu a rebentar pelas costuras que recebeu os meninos de Bristol com o entusiasmo digno de uma primeira vez.
O primeiro facto a lamentar foi o cancelamento poucos dias antes da banda de abertura, os Peeping Tom, do ex-Faith no More, Mike Patton. Para quem, como eu (fã devota de FNM), tinha comprado bilhete meses antes para garantir presença na estreia em solo nacional de mais uma banda do homem dos sete ofícios com mais projectos musicais de que há memória, foi muito decepcionante este cancelamento "in extremis". É melhor nem transcrever a quantidade de palavrões bem feios que disse mal li a notícia. Foram muitos. Adiante.
No lugar dos Peeping Tom actuou um DJ cujo nome não foi anunciado, mas também não interessa nada porque foi uma treta para encher chouriço, bastante chata e evitável.
O início do concerto de 1:45 m dos Massive Attack, muito bem acompanhados por alguns dos convidados de luxo que colaboraram nos discos da banda, Liz Fraser, Deborah Miller (que vozeirão!) e Horace Andy, deu-se com "False Flags". Seguiram-se "Risingson", "Butterfly Caught", "Karmacoma", a belíssima "Futureproof", "Angel" (cantada por Horace Andy. E que bem que soou na mesma, apesar de cantada por uma voz masculina!), "Teardrop" (a demonstrar alguma fragilidade na voz de Liz Fraser: os anos não perdoam e os Cocteau Twins já foram há muito...), "Hymn of the Big Wheel" (em dueto de Horace Andy e Deborah Miller, sempre descalça durante todo o concerto), "Safe from Harm", o claustrofóbico mas excelente "Inertia Creeps", "Unfinished Sympathy" (com Deborah Miller a exibir a belíssima voz que tem e que deve ter deixado Liz Fraser a corar no camarim), entre outras.
Ficou a faltar "Man next door", para aproveitar ainda mais a presença de Horace Andy em Lisboa, mas a verdade é que foi um concerto de grande nível, musicalmente irrepreensível e onde tudo bateu certo, até as intervenções politizadas que iam passando durante todo o concerto nos monitores que estavam no chão do palco, com mensagens em português sobre factos e notícias nacionais, acontecimentos mundiais desse dia e dados sobre a guerra do Iraque, estes durante a interpretação de "Safe from Harm". Perfeito.
Mais uma banda com consciência política, sem precisar de o gritar histericamente aos sete ventos. E é assim que resulta melhor. Até breve. Voltem sempre!