Thank you for the roses...
Ontem conheci uma jovem muito bonita chamada Lise, que além de muito simpática era também ensaiadora de uma afamada companhia de dança Belga chamada Rosas. Essa companhia está neste momento em Faro para apresentar um espectáculo intitulado Raga For a Rainy Season/ A Love Supreme. Recebi um convite para ver o espectáculo, mas como nunca achei piada à dança, achando mesmo aquilo tudo muito ridículo, aceitei com muita relutância, planeando não meter lá os pés.
Claro está, como bom Português que sou, tive algum receio. Quem é que vai sozinho ver uma obra de dança contemporânea? Os artistas e os "fraquinhos". Ora, eu nem sendo artista nem "fraquinho", fiquei um bocado naquela e estive vai não vai para cagar para aquilo. Fui para o café, estretive-me a beber umas mines e a comer uma bifana enquanto via o jogo do Sporting, dizendo palavrões e cuspindo para o chão, e quando me senti macho o suficiente, tomei coragem e lá fui eu.
Ali dentro, eu era um alien! Só se viam intelectuais, estrangeiros e casalinhos de várias sexualidades. Enquanto fumava um cigarro nervoso que teimava em cair-me da boca, apareceu a Lise com o meu bilhete e lá fui eu, mais confiante por ter trocado dois dedos de conversa com uma pessoa conhecida (apesar de só a ter conhecido algumas horas atrás) para o meu lugar.
Começou o espectáculo. A primeira parte, Raga For The Rainy Season, simbolizava a espera pela chuva. Foi muito interessante, na medida em que atingiu perfeitamente os seus objectivos: enquanto as formosas moças dançavam e rezavam por chuva, eu agitava-me na cadeira e rezava para que aquilo acabasse! Interessante durante os primeiros 10 minutos, penoso durante os restantes 55... Muito arrastado, muito desesperante, apetecia-me agarrar num pau e espancar as raparigas para acabar com o seu sofrimento...
Porém, a segunda parte surpreendeu-me! A Love Supreme, um clássico de John Coltrane, dançado na perfeição por dois casais. A coreografia perfeita alternava com improvisos bem conseguidos, tanto musicais como dançados. Foi uma das meias-horas mais rápidas da minha vida, e dei por mim completamente empolgado a aplaudir de pé e a pedir mais!
Quem diria? Eu fui a um espectáculo de dança contemporânea e, pasme-se, gostei! Fiquei fã da companhia Rosas e em especial da minha amiga Lise (muito obrigado pelo bilhete!), e gostaria de deixar um apelo aos outros membros que partilham comigo o direito de lançar as suas opiniões neste cantinho: Pensem numa coisa que acham que à partida não gostarão. Seja ela um filme de drive-in, uma rave, uma peça de teatro, um livro do Saramago. Agora ganhem tomates e enfrentem-na! Olhem que se calhar até vão achar piada!
1 Comments:
Pois é Zé, em algumas coisas sou um velho do restelo! Gosto de exprimentar coisas novas mas também é preciso ter sorte.
Fui a uns anos ver uma peça de teatro minimalista no Porto e prontes... Se não fossem as curvas das babes naqueles "outfits" acho que tinha adormecido.
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